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Ataques de pânico noturnos em crianças

15/07/2021

Ataques de pânico podem ocorrer em qualquer momento do dia, porém, os noturnos apresentam algumas particularidades. Se diferenciam dos diurnos exatamente por serem ainda mais inesperados (sem qualquer previsibilidade sobre sinais que o antecedem).
O ataque de pânico noturno é caracterizado por despertar noturno súbito com acentuados sintomas físicos como taquicardia; falta de ar; sensação de sufocamento; dormência e/ou formigamento nas mãos ou pés; calafrios; hiperventilação; sensação de perigo; distanciamento da realidade, entre outros sintomas.

📌Ocorre na fase de sono NÃO-REM, especialmente nos estágios 2 e 3. No 2º estágio, o cérebro começa a se “desconectar” dos estímulos externos, a temperatura e ritmo cardíaco e respiratório diminuem; no 3º estágio, a atividade cerebral diminui e o corpo começa a entrar em sono profundo. O fato de ocorrer nessa fase faz com que a pessoa não esteja consciente sobre o ataque até acordar de maneira brusca e geralmente apavorada.

🧩Quando ocorrem com crianças e adolescentes e, em especial naqueles que estão no espectro autista, o quadro pode se tornar ainda mais assustador! Acordar repentinamente com sintomas físicos e experiências sensoriais aversivos associados a possíveis dificuldades de compreensão sobre o evento, costuma estar relacionado com consequências que vão além do evento em si, como distúrbio de sono, maior irritabilidade, ansiedade, fobias, entre outros.
Em crianças esses eventos podem ser “confundidos” com terror noturno, porém, crianças com terror noturno não apresentam esse comportamento durante o dia; já aqueles com ataques de pânico noturnos, também apresentam esses eventos durante o dia em algum momento.

📌Nos eventos noturnos em especial, as tensões, sobrecargas sensoriais acumuladas ao longo do dia podem ser um fator desencadeante importante. O fato de não estarem “vigilantes”/cientes de suas emoções durante o sono faz com que “tudo venha à tona”.
Independentemente da fase de vida em que ocorrem, merecem atenção pois dificultam um sono restaurador, prejudicando muito a saúde e qualidade de vida da pessoa, sua vivência familiar, escolar ou profissional.

Dra. Deborah Kerches

Dra. Deborah Kerches
Neuropediatria e Saúde Mental Infantojuvenil
Especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA)

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