Blog

O impacto da exposição a telas no desenvolvimento cerebral

14/01/2021

Muitos estudos têm avaliado como o aumento do tempo de exposição a telas influencia no cérebro das crianças e o quanto isso afeta a capacidade delas se desenvolverem plenamente.
A primeira infância é um período muito sensível e rico para o desenvolvimento sensório motor, cognitivo, da linguagem, emocional e relacional, especialmente nos primeiros mil dias de vida – sendo esses determinantes para o amadurecimento e fortalecimento de conexões e arquitetura cerebral.

Até os 2 anos, em especial, a criança vai adquirindo consciência sobre seu próprio corpo, objetos, o outro e o ambiente pela observação, exploração, imitação e, particularmente, pelos sentidos. Assim, o uso de telas para distrair ou acalmar bebês pode prejudicar todo o desenvolvimento, os diferentes tipos de aprendizagem, afeto e emoções.
É essencial nesta fase, assim como em outras, a criança aprender usando seus sentidos em 3D e não, simplificadamente, em 2D, como as telas oferecem. Uma criança precisa de exemplos concretos para que aprenda e se desenvolva da maneira esperada, ou seja, é necessário que ela veja, toque e seja tocada, ouça, sinta gostos e cheiros, experiencie sensações para que, assim, aos poucos, construam-se e fortaleçam-se suas conexões e seu pleno desenvolvimento.

Em qualquer idade, tempo excessivo frente às telas diminui ou até mesmo anula oportunidades de praticar habilidades interpessoais, de vínculo, motoras e de comunicação.

Durante todo o desenvolvimento cerebral, quanto maior o tempo de exposição às telas, pior o desempenho cognitivo.

A infância em especial exige uma riqueza de estímulos que não devem ser restritos ao brilho das telas e ao ambiente digital, elas devem brincar, vivenciar experiências ao ar livre, ouvir o som das pessoas e ambiente ao redor, sentir carinho, cuidado, amor e proteção, entre outros.

Dra. Deborah Kerches

Dra. Deborah Kerches
Neuropediatria e Saúde Mental Infantojuvenil
Especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Últimas publicações

Lobo temporal e cérebro feminino: impactos no TEA

Lobo temporal e cérebro feminino: impactos no TEA

Já se reconhece que o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em meninas/mulheres, especialmente no caso daquelas que se encontram no espectro nível 1 de suporte, é mais desafiador, por diferentes motivos. Um dos grandes fatores que contribuem para isso...

ler mais
Como será o futuro do meu filho com TEA?

Como será o futuro do meu filho com TEA?

✅ Não é fácil pensarmos no futuro das crianças e adolescentes que estão no espectro do autismo. Podemos ficar preocupados com aspectos relacionados à independência, autonomia, segurança, inclusão, entre outros. ✅ Não há garantias quando falamos em futuro, e isso vale...

ler mais
Carnaval, crianças e TEA

Carnaval, crianças e TEA

Para algumas famílias, carnaval é tempo de curtir juntos a amigos e família, ou ainda, de viajar. 🎊🏖️ Porém, aquelas que têm filhos pequenos ou adolescentes precisam de cuidado redobrado nessa época do ano em que mais gente sai às ruas. Isso vale tanto para quem vai...

ler mais
Transtorno do Espectro Autista na CID-11

Transtorno do Espectro Autista na CID-11

🚨Atualização: No relatório final do site oficial da Organização Mundial da Saúde (OMS), não consta o código 6A02.4. site: https://icd.who.int/browse11/l-m/en 🧩Dessa forma constam os seguintes códigos para TEA na CID 11. 6A02 – Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)...

ler mais
“O mundo pede saúde mental”

“O mundo pede saúde mental”

O mundo pede saúde mental”. Esse é o alerta da campanha Janeiro Branco de 2022, que chega, mais uma vez, com o objetivo de colocar em pauta questões e necessidades relacionadas à Saúde Mental. É um convite para que possamos estar atentos à nossa própria saúde mental e...

ler mais

Natal: dicas para crianças com autismo

O período de fim de ano traz à tona aspectos importantes relacionados a particularidades do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Isso porque, acontecimentos e preparativos relacionados às festas de Natal e de Réveillon podem afetar, por diferentes motivos, crianças e...

ler mais
Autismo “leve” X Autismo “severo”

Autismo “leve” X Autismo “severo”

Muitas pessoas com autismo nível 1 (“leve”) relatam o quanto seus desafios costumam ser ignorados ou não valorizados. Isso se aplica ainda mais às meninas e mulheres no espectro nível 1. Da mesma maneira, autistas no nível 3 de suporte (“severo”) podem ter suas...

ler mais