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O que você sabe sobre gagueira?

22/10/2021

A gagueira é um distúrbio neurobiológico da fluência da fala, que se manifesta na infância, podendo persistir na vida adulta. Até 3-4 anos pode ser considerado disfluência e faz parte do processo da linguagem. Quando persiste ou surge depois dessa idade, merece atenção. A rápida detecção e a intervenção precoce permitem que ela não cronifique.

A gagueira é multifatorial. Caracteriza-se por ocorrências frequentes de disfluência na fala (prolongamento de sons; pausas e/ou repetição de sons e sílabas; dificuldade em iniciar determinada palavra, frase ou expressão; tensão para emitir uma palavra ou som) podendo estar associada a movimentos involuntários, como tremores de lábios e mandíbula ou piscar de olhos.

A disfluência da fala é apenas uma parte dentre a complexidade desse distúrbio, que pode causar importantes limitações na comunicação e participação social. Ansiedade, timidez, frustrações, estresse, contribuem com o aumento da frequência e intensidade da gagueira – o que pode impactar negativamente na autoestima, nas experiências afetivas, sociais, acadêmicas e de trabalho do indivíduo.

Na infância e adolescência, em especial, as críticas e repreensão por parte dos pais/familiares, além de situações de bullying, brincadeiras e apelidos pejorativos, tendem a agravar o quadro, com aumento de esquiva de importantes oportunidades sociais.

O tratamento normalmente prevê acompanhamento fonoaudiológico para favorecer a comunicação e, muitas vezes, psicológico.

A análise do comportamento aplicada, por vez, contribui de forma eficaz no tratamento ao promover uma análise das contingências (dependência entre eventos) no comportamento de gaguejar. As intervenções são sempre individualizadas, mas costumam envolver: treinos de relaxamento focados na respiração, com objetivo de diminuir respostas fisiológicas de ansiedade (em contextos sociais de comunicação); criação de novos repertórios para lidar com situações aversivas que evocam comportamento de gaguejar; geração de um repertório de enfrentamento para situações que ocasionam esquiva, entre outros pontos.

Dra. Deborah Kerches

Dra. Deborah Kerches
Neuropediatria e Saúde Mental Infantojuvenil
Especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA)

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