Blog

Prematuridade e autismo: existe alguma relação?

17/11/2021

Muitas pesquisas têm se dedicado a descobrir se o nascimento prematuro contribui de alguma forma para maior risco de autismo, ou, ainda, se prematuridade e autismo podem compartilhar influências genéticas ou ambientais.
Um estudo recente, considerado o de maior amostragem com esse objetivo até agora, reavaliou dados de mais de 4 milhões de pessoas nascidas na Suécia, entre 1973 e 2013, chegando à conclusão de que crianças nascidas prematuramente têm mais chances de serem diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) do que aquelas que nasceram a termo.
A prevalência de TEA por idade gestacional ao nascimento, de acordo com o artigo publicado no periódico científico Pediatrics, foi de: 6,1% para nascimentos entre a 22ª a 27ª semana; 2,6% para nascimentos entre a 28ª e 33ª semana; e 1,9% para nascimentos entre a 34ª a 36ª semana. Já entre os bebês nascidos a termo, a porcentagem de TEA foi de 1,4%.

Estudos anteriores também sugerem que essa ligação exista, porém, vale ressaltar, que um não é, necessariamente, causa do outro. Prematuridade e o TEA podem ser vistos juntos, por exemplo, causados por uma anormalidade genética. Além disso, o que sabemos é que possíveis insultos cerebrais junto ao nascimento prematuro podem, em alguns casos, representar um risco maior para o espectro.

Em outro estudo, Lederman (2016) concluiu que prematuros com muito baixo peso (nascidos com menos de 1.500 g) apresentam maior frequência de características sugestivas de TEA do que a população em geral. Com esses resultados, a pesquisa destacou ainda a importância do rastreamento aos 18 meses, através de escalas como M-CHAT e ABC/ICA, para identificar prematuros com atrasos no desenvolvimento, independentemente de eventual diagnóstico posterior de TEA, a fim de chamar a atenção de pais e profissionais para o início das intervenções necessárias precocemente.

Fontes: https://publications.aap.org/pediatrics/article-abstract/148/3/e2020032300/181145/Preterm-or-Early-Term-Birth-and-Risk-of-Autism?redirectedFrom=fulltext

http://tede.mackenzie.br/jspui/handle/tede/2997

Dra. Deborah Kerches

Dra. Deborah Kerches
Neuropediatria e Saúde Mental Infantojuvenil
Especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Últimas publicações

Cuidado com promessas milagrosas

Cuidado com promessas milagrosas

Esta semana recebi vários questionamentos a respeito do MMS (Miracle Mineral Solution) e achei importante compartilhar com vocês algumas considerações. Talvez vocês estejam acompanhando algo sobre a polêmica em torno do uso deste produto que “promete” ser a “cura do...

ler mais
Epilepsia e Autismo

Epilepsia e Autismo

Hoje, no Purple Day, eu não poderia deixar de falar também sobre epilepsia no autismo, visto que até 1/3 das pessoas com TEA também apresentam epilepsia. O maior número de casos fica entre as crianças menores de 5 anos e os adolescentes. Embora essa ligação entre TEA...

ler mais
TDAH – Orientações aos pais

TDAH – Orientações aos pais

- Procurem o máximo possível de informações sobre o TDAH e possíveis comorbidades, antes de iniciar o tratamento. - Tenham tempo para seus filhos!!! - Elogiem sempre!!! A criança precisa saber que seus esforços em vencer desafios estão sendo reconhecidos. - Lembrem-se...

ler mais
TDAH é comum na infância?

TDAH é comum na infância?

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é o transtorno comportamental, neurobiológico mais comum na infância e adolescência, afetando em torno de 5-8% delas. Inicia-se na infância e pode persistir até a fase adulta, em mais da metade dos casos. Os...

ler mais
Cefaleia na infância e adolescência

Cefaleia na infância e adolescência

A cefaléia (dor de cabeça) é uma das queixas mais comuns da infância e adolescência. Elas deixam de brincar, querem ficar em um quarto escuro, deitadas, parecem indispostas, cansadas e podem apresentar náuseas e vômitos. O impacto das cefaleias crônicas, como a...

ler mais