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Síndrome do Pânico na infância e adolescência

18/12/2019

A Síndrome do Pânico é um transtorno ansioso mais comum entre adultos, mas pode ocorrer em crianças e adolescentes. Caracteriza-se por “crise de pânico” (medo intenso que algo ruim aconteça sem motivo aparente) que pode acompanhar sintomas físicos (tremor, tontura, taquicardia, etc). No Brasil não há dados sobre sua incidência em crianças, mas sabe-se que é menor do que em adolescentes. Pode causar prejuízos no desenvolvimento e qualidade de vida, com possíveis consequências negativas ao longo da vida quando ignorada/não diagnosticada/não tratada precoce e adequadamente. Manifesta-se de forma bem parecida em crianças, adolescentes ou adultos – crises de ansiedade associadas ao medo (ou seja, um movimento duplo de sentir algo e temer o que se sente). Os gatilhos para a crise podem ser inúmeros e são bem particulares, como medo de morrer, ter outra crise de pânico, locais fechados ou abertos, de muitas pessoas etc.
Crianças naturalmente têm mais dificuldade para expressarem seus medos e podem acabar querendo ficar o tempo todo perto dos pais, evitar situações e lugares (onde acham que podem ter uma crise) e até apresentarem terrores noturnos.

Ter medo de algo não significa ter “síndrome do pânico”. Quando este medo é intenso e a possibilidade do perigo é tão real quanto à própria presença do perigo e essa angústia chega a incapacitar a criança para outras atividades, causar prejuízos escolares, na socialização e em outros contextos, merece investigação e intervenção necessárias. As causas resultam da interação entre genética e ambiente que inclui desde experiências traumáticas (acidente de carro, assalto, bullying, tempestade etc.) até convivência com adultos ansiosos e/ou estressados (que acabam sendo exemplos para a criança sobre como encarar a realidade). O tratamento nesta faixa etária envolve terapia comportamental e, em alguns casos, medicamento.

Durante uma crise os pais devem tentar acalmar a criança, oferecendo apoio e segurança. É importante que os pais não menosprezem os sentimentos da criança. A compreensão sobre o quadro é essencial para que os pais possam oferecer além do tratamento, amor e acolhimento.

Dra. Deborah Kerches

Dra. Deborah Kerches
Neuropediatria e Saúde Mental Infantojuvenil
Especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA)

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