Blog

Transtorno de Ansiedade de Separação

08/08/2019

A ansiedade de separação é decorrente de um medo intenso, exagerado de se separar, perder uma pessoa importante do seu vínculo, geralmente um dos pais ou cuidador (mais frequentemente a mãe).
A prevalência em crianças e adolescentes é de 4% e mais em meninas. Se inicia antes dos 18 anos e tem duração mínima de 4 semanas.

A dificuldade com a separação é relativamente comum entre crianças de 8 meses a 2 anos, mas tende a desaparecer conforme a criança amadurece e entende que a separação é pontual, que os seus pais ou outra pessoa de vínculo importante irão retornar, porém quando crianças e adolescentes se tornam tão ansiosos quando distantes da pessoa do vínculo, a ponto de trazer sofrimento e prejuízos significativos sociais, escolares, familiares ou persistir além dessa idade e/ou ressurgir em outra fase da vida da criança, o quadro merece atenção.

Sinais de alerta – sofrimento excessivo e recorrente, queixas físicas repetidas, medo exagerado, recusa em ir para escola ou outro lugar mesmo que prazeroso frente à possibilidade de se separar da pessoa de grande vínculo/apego; distúrbios de sono como insônia, pesadelos sobre separação, medo de dormir e ficar sozinho mesmo que em um cômodo da casa mas longe da pessoa de apego; preocupação persistente que um evento indesejado possa separar dessa pessoa.

Predisposição genética, fatores ambientais e biológicos estão relacionados às causas. É importante avaliar ambientes familiares estressantes, com pessoas ansiosas e situações traumáticas já que a criança aprende a se comportar de acordo com experiências vivenciadas.

O tratamento envolve terapia comportamental, ajuste e apoio familiar, conscientizar pais e familiares da importância de mudar seus comportamentos ansiosos, temerosos e preocupações excessivas e incentivar seus filhos a desenvolverem maior autonomia para lidar com seus sentimentos, medos e inseguranças promovendo um ambiente seguro, em que se sintam amparados, confiantes e amados e que, ao mesmo tempo, possam se expressar sem julgamentos.

Dra. Deborah Kerches

Dra. Deborah Kerches
Neuropediatria e Saúde Mental Infantojuvenil
Especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Últimas publicações

Masking é prejudicial no TEA?

Masking é prejudicial no TEA?

A camuflagem social ou masking envolve um conjunto de estratégias que visam “camuflar”, “mascarar” comportamentos característicos do TEA a fim de se adaptar e atender às expectativas dos mais diversos contextos sociais. A camuflagem social também é uma estratégia...

ler mais
Prematuridade e autismo: existe alguma relação?

Prematuridade e autismo: existe alguma relação?

Muitas pesquisas têm se dedicado a descobrir se o nascimento prematuro contribui de alguma forma para maior risco de autismo, ou, ainda, se prematuridade e autismo podem compartilhar influências genéticas ou ambientais. Um estudo recente, considerado o de maior...

ler mais
O que você sabe sobre gagueira?

O que você sabe sobre gagueira?

A gagueira é um distúrbio neurobiológico da fluência da fala, que se manifesta na infância, podendo persistir na vida adulta. Até 3-4 anos pode ser considerado disfluência e faz parte do processo da linguagem. Quando persiste ou surge depois dessa idade, merece...

ler mais

Bullying e Transtorno do Espectro Autista

O bullying corresponde à prática de atos intencionais de violência, física ou psicológica, cometidos por um ou mais agressores contra um indivíduo ou grupo. Pode gerar prejuízos significativos na vida de muitas crianças e adolescentes, tendo eles desenvolvimento...

ler mais
Nunca foi tão importante falar sobre Saúde Mental

Nunca foi tão importante falar sobre Saúde Mental

Nunca foi tão importante falar sobre Saúde Mental. O aumento de transtornos ansiosos e transtornos de humor, especialmente depressão, entre adolescentes e jovens têm sido significativo nos últimos anos. A situação torna-se ainda mais preocupante com essa pandemia...

ler mais
Cérebro feminino e Transtorno do Espectro Autista

Cérebro feminino e Transtorno do Espectro Autista

🧠Há particularidades no funcionamento cerebral feminino e comportamentos que impactam na apresentação das características do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e justificam por que o diagnóstico costuma ser mais tardio em meninas. 🧠Estudos sugerem que o cérebro...

ler mais