Blog

Transtorno do Estresse Pós-Traumático e TEA

12/07/2021

O Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT) se apresenta como reação a um evento traumático e envolve memórias recorrentes e intrusivas do(s) evento(s), com consequente entorpecimento emocional, aumento da tensão e do estado de alerta.

Geralmente se inicia nos primeiros 3 meses após o trauma e como consequência de eventos que geraram medo, impotência ou horror, que colocaram a própria vida ou a de terceiros em risco. Tais eventos podem ser pontuais (uma catástrofe natural, situação de violência ou acidente, por ex.), ou ser consequência de traumas prolongados e repetidos (abusos familiares, abusos sexuais, bullying etc.).

Crianças e adolescentes no espectro autista costumam ser mais vulneráveis devido às particularidades da condição. Podem ainda experimentar suas vivências de maneira mais intensa, devido a respostas sensoriais atípicas, rigidez, dificuldades em se autorregularem e lidarem com as próprias emoções. Situações de bullying, por ex., podem ser desastrosas para crianças e adolescentes com desenvolvimento típico, e ainda mais para aqueles no espectro autista. Soma-se a isso o fato de muitos não conseguirem se comunicar de maneira funcional, expressar medos e traumas, o que dificulta o diagnóstico e manejo precoce e adequado.

Os sintomas do TEPT costumam incluir: sofrimento intenso ao lembrar do(s) evento(s); “esquiva” de pensamentos, locais, pessoas ou atividades; maior isolamento; expectativas negativas persistentes e exageradas sobre si mesmo e os outros; diminuição do interesse em atividades cotidianas; pesadelos recorrentes sobre o evento; dificuldade para dormir; irritabilidade exacerbada; menor concentração.

Especialmente no TEA, o estresse pós-traumático pode gerar crises mais intensas e frequentes, queda do aproveitamento nas terapias e escola, agravamento das estereotipias, comorbidades (ansiedade, depressão, pensamentos suicidas), entre outros. Pode ser devastador na vida da criança ou adolescente e de sua família, pedindo um olhar atento por parte de todos.

O tratamento envolve psicoterapia, apoio, em alguns casos, medicamentos, entre outras intervenções multidisciplinares.

Dra. Deborah Kerches

Dra. Deborah Kerches
Neuropediatria e Saúde Mental Infantojuvenil
Especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Últimas publicações

Cuidado com promessas milagrosas

Cuidado com promessas milagrosas

Esta semana recebi vários questionamentos a respeito do MMS (Miracle Mineral Solution) e achei importante compartilhar com vocês algumas considerações. Talvez vocês estejam acompanhando algo sobre a polêmica em torno do uso deste produto que “promete” ser a “cura do...

ler mais
Epilepsia e Autismo

Epilepsia e Autismo

Hoje, no Purple Day, eu não poderia deixar de falar também sobre epilepsia no autismo, visto que até 1/3 das pessoas com TEA também apresentam epilepsia. O maior número de casos fica entre as crianças menores de 5 anos e os adolescentes. Embora essa ligação entre TEA...

ler mais
TDAH – Orientações aos pais

TDAH – Orientações aos pais

- Procurem o máximo possível de informações sobre o TDAH e possíveis comorbidades, antes de iniciar o tratamento. - Tenham tempo para seus filhos!!! - Elogiem sempre!!! A criança precisa saber que seus esforços em vencer desafios estão sendo reconhecidos. - Lembrem-se...

ler mais
TDAH é comum na infância?

TDAH é comum na infância?

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é o transtorno comportamental, neurobiológico mais comum na infância e adolescência, afetando em torno de 5-8% delas. Inicia-se na infância e pode persistir até a fase adulta, em mais da metade dos casos. Os...

ler mais
Cefaleia na infância e adolescência

Cefaleia na infância e adolescência

A cefaléia (dor de cabeça) é uma das queixas mais comuns da infância e adolescência. Elas deixam de brincar, querem ficar em um quarto escuro, deitadas, parecem indispostas, cansadas e podem apresentar náuseas e vômitos. O impacto das cefaleias crônicas, como a...

ler mais