Embora comportamentos restritos e repetitivos sejam características do espectro autista, alguns podem apresentar como comorbidade o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), com prevalência estimada em 9-17% no TEA. A inflexibilidade cognitiva do TEA associado à ansiedade e prejuízos na linguagem receptiva podem predispor ao TOC.
O TOC caracteriza-se por obsessões que são pensamentos,imagens ou impulsos recorrentes,indesejados e persistentes que causam angústia e compulsões que são comportamentos e ações repetitivas ou pensamentos com regras rígidas executadas, sendo mais comuns em pessoas ansiosas,inflexíveis,com tendência ao perfeccionismo e preocupações.
Sintomas mais frequentes: rituais de higiene repetitivos e exagerados, repetições de ações, checagens e contagens compulsivas, deixar tudo simétrico, entre outros, podendo mudar ao longo da vida.
Pode ser difícil diferenciar TOC das estereotipias. Diferente dos comportamentos estereotipados do TEA, as compulsões seguem uma obsessão e não são desejadas ou percebidas como prazerosas. Os pensamentos persistentes geram angústia e ansiedade e as ações compulsivas seriam uma tentativa de controlá-los. Podem ter ideias de autopunição por acharem que o que acontece de errado é consequência. As estereotipias são mais uma forma de autorregulação/estimulação, costumam ser qualitativamente diferentes,menos sofisticadas e não causam sofrimento para a pessoa com TEA.
Em pessoas com TEA nível 2 ou 3, moderado ou severo, pode ser mais difícil avaliar, porém se analisarmos o comportamento antecessor, teremos dicas se esse comportamento está sendo usado como forma de regulação ou ao contrário, se está deixando mais nervoso, irritadiço, o que sugere TOC.
O TOC pode expor a criança/adolescente com TEA ao bullying e predispor a outras condições psiquiátricas como depressão, ansiedade, fobias. Muitos podem se isolar e se desregular mais, apresentar mais comportamentos disruptivos, distúrbios de sono, queda de rendimento escolar e nas terapias, à medida que o TOC pode os tornar mais desatentos.
O tratamento é multidisciplinar associado a suporte familiar e escolar.