Blog

Autoflagelação – Como agir?

10/10/2020

A autoflagelação/automutilação é uma prática que tem tido um aumento significativo entre os adolescentes e jovens e nem sempre recebe a devida atenção.

Embora no Brasil ainda não existam dados concretos, sabe-se que a disseminação do assunto no ambiente virtual indica um problema de dimensões preocupantes.

A autoflagelação pode ser definida como o ato de causar dor/machucar a si mesmo. Muitos relatam que se utilizam desse ato para amenizar ou “substituir” a dor mental, da “alma”, com a qual não conseguem lidar.

Quais seriam as motivações?

 A autoflagelação está comumente relacionada com depressão e também com outros transtornos de saúde mental. As motivações podem estar associadas a diferentes fatores. Conflitos familiares, com amigos e amorosos; bullying/cyberbullying; traumas; frustrações; sensação de solidão e “vazio”, podem ser gatilhos ou potencializar a prática, mas cada caso deve ser avaliado com suas particularidades.

Risco de suicídio

 Independentemente da motivação, o ato de causar dor a si mesmo exige atenção e rápida intervenção, pois representa um ensaio para práticas mais perigosas. Além de ter associação com o comportamento suicida, o risco de morte está implícito na própria atitude de se automutilar. Hoje o suicídio é a 2ª causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

 A autoflagelação é um problema de saúde mental e pública e, definitivamente, é um pedido de ajuda!

Exige disponibilidade e um olhar integral para que sejam identificadas o quanto antes as motivações e os sinais para, assim, se agir rapidamente. Uso de roupas que cubram braços e pernas em qualquer situação, maior isolamento, mudanças no comportamento e funcionamento prévios são sinais de alerta.

Diante do comportamento de autoflagelação e de outros sinais que indiquem sofrimento intenso, os responsáveis não devem hesitar em buscar ajuda profissional e oferecer um ambiente seguro e acolhedor, no qual estes jovens possam se sentir amados e confortáveis para falar sobre seus sentimentos e dores, sem julgamentos.

Dra. Deborah Kerches

Dra. Deborah Kerches
Neuropediatria e Saúde Mental Infantojuvenil
Especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Últimas publicações

Masking é prejudicial no TEA?

Masking é prejudicial no TEA?

A camuflagem social ou masking envolve um conjunto de estratégias que visam “camuflar”, “mascarar” comportamentos característicos do TEA a fim de se adaptar e atender às expectativas dos mais diversos contextos sociais. A camuflagem social também é uma estratégia...

ler mais
Prematuridade e autismo: existe alguma relação?

Prematuridade e autismo: existe alguma relação?

Muitas pesquisas têm se dedicado a descobrir se o nascimento prematuro contribui de alguma forma para maior risco de autismo, ou, ainda, se prematuridade e autismo podem compartilhar influências genéticas ou ambientais. Um estudo recente, considerado o de maior...

ler mais
O que você sabe sobre gagueira?

O que você sabe sobre gagueira?

A gagueira é um distúrbio neurobiológico da fluência da fala, que se manifesta na infância, podendo persistir na vida adulta. Até 3-4 anos pode ser considerado disfluência e faz parte do processo da linguagem. Quando persiste ou surge depois dessa idade, merece...

ler mais

Bullying e Transtorno do Espectro Autista

O bullying corresponde à prática de atos intencionais de violência, física ou psicológica, cometidos por um ou mais agressores contra um indivíduo ou grupo. Pode gerar prejuízos significativos na vida de muitas crianças e adolescentes, tendo eles desenvolvimento...

ler mais
Nunca foi tão importante falar sobre Saúde Mental

Nunca foi tão importante falar sobre Saúde Mental

Nunca foi tão importante falar sobre Saúde Mental. O aumento de transtornos ansiosos e transtornos de humor, especialmente depressão, entre adolescentes e jovens têm sido significativo nos últimos anos. A situação torna-se ainda mais preocupante com essa pandemia...

ler mais
Cérebro feminino e Transtorno do Espectro Autista

Cérebro feminino e Transtorno do Espectro Autista

🧠Há particularidades no funcionamento cerebral feminino e comportamentos que impactam na apresentação das características do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e justificam por que o diagnóstico costuma ser mais tardio em meninas. 🧠Estudos sugerem que o cérebro...

ler mais