O cérebro feminino apresenta maior densidade de neurônios em áreas relacionadas à linguagem. Isso afeta a apresentação sintomatológica do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em meninas/mulheres e prevê, entre outros pontos, menores dificuldades para relações sociais, fazendo com que algumas características presentes especialmente nas meninas que estão no espectro autista nível 1 de suporte fiquem mascaradas.
Elas geralmente não apresentam atrasos significativos no desenvolvimento da fala. Apresentam, porém, outros tipos de prejuízos, como, por exemplo, uma linguagem mais baseada em excessos.
Ou seja, falam de forma mais acelerada, sem permitir pausas e troca de turno, especialmente quando estão falando de assuntos de interesses e hiperfocos, o que naturalmente dificulta uma conversação recíproca (quando essa não é de interesse).
Apesar disso, devido a um cérebro feminino mais sensível à imitação, empatia, comunicação e habilidades sociais, as meninas/mulheres com TEA podem conseguir “atuar” e se mostrar interessadas em determinados assuntos, além de apresentarem maior facilidade em imitar repertórios aprendidos em outras situações para adaptar seu comportamento.
Não por acaso estão mais suscetíveis ao uso de camuflagem social quando comparadas aos meninos/homens com TEA.
Dessa forma, os prejuízos (nesse caso, em especial, na linguagem) nas meninas/mulheres com TEA tendem a chamar menos a atenção, podendo ser interpretados como um traço da personalidade, uma característica relacionada a transtornos ansiosos, entre outras possibilidades, muitas vezes adiando diagnósticos.
Importante observar que meninas com TEA níveis 2 e 3 de suporte, em contrapartida, são normalmente diagnosticadas mais precocemente, exatamente por apresentarem prejuízos e comprometimentos mais facilmente identificáveis.
Portanto, embora a linguagem não seja o único aspecto a ser observado quando falamos das diferenças na apresentação do TEA feminino e masculino, esse é um ponto que pede atenção, maior conscientização e capacitação de profissionais para que o TEA possa ser mais precocemente identificado, inclusive entre as meninas.