Os anos iniciais do desenvolvimento, desde a fase intrauterina, estabelecem a arquitetura básica, o funcionamento e a conectividade cerebral, o que impactará no aprendizado de habilidades nas mais diversas áreas ao longo da vida, na cognição, saúde física e qualidade de vida.
Isso porque o cérebro humano é flexível e as diversas conexões cerebrais podem ser eliminadas, construídas e fortalecidas de acordo com os estímulos que recebemos, o que chamamos de neuroplasticidade.
E isso se dá ao longo de toda a vida. Porém, é, na infância, que o cérebro é mais “plástico”, ou seja, possui maior habilidade de se reestruturar, se moldar, aprender.
Especialmente nos dois primeiros anos de vida, a atividade neuronal e a formação de conexões estão em uma atividade extremamente intensa, fazendo novos circuitos cerebrais. Para se ter uma ideia, um bebê possui mais do que o dobro de conexões, e de 5 a 10 vezes mais neurônios do que um adulto.
São especialmente nos primeiros anos de vida, portanto, que estão as chamadas “janelas de oportunidades”: períodos em que o aprendizado de determinadas habilidades e competências acontece de maneira mais facilitada quando somos expostos a estímulos e experiências para esse determinado aprendizado.
Mas, afinal, quais são essas janelas de oportunidades (período mais propício ao desenvolvimento de cada habilidade)?
Principais janelas de oportunidades
LINGUAGEM: 9 meses a 8 anos
VISÃO: 0 a 6 anos
AUTORREGULAÇÃO: 9 meses a 6 anos
SÍMBOLOS: 18 meses a 8 anos
HABILIDADES SOCIAIS: 4 a 8 anos
QUANTIDADES RELATIVAS: 5 a 8 anos
MÚSICA: 4 a 11 anos
SEGUNDO IDIOMA: 18 meses a 11 anos
Fonte: Doherty (1997 apud Bartoszeck 2007)
Isso não quer dizer, porém, que se não for desenvolvida nessa fase, a habilidade não poderá mais ser aprendida pela criança/pelo adulto em outro momento.
Porém, essa é a fase mais sensível para o aprendizado e devemos sempre pensar em aproveitar as janelas de oportunidades para que possamos alcançar uma potencialidade máxima dessa aprendizagem.
O conceito de janelas de oportunidades reforça a importância das intervenções precoces quando estamos diante de déficits e excessos comportamentais.
Por mais que as “janelas não se fechem” e nosso cérebro seja capaz de aprender ao longo de toda a vida, temos sempre que proporcionar estímulos na infância, que é a fase em que temos maiores oportunidades e velocidade de aprendizagem.
Para exemplificar: o tempo que uma criança até 2 anos consegue aprender uma habilidade é muito menor do que o tempo que ela dispensaria por volta de 14 anos para aprender a mesma habilidade.
E por fim vale lembrar: nosso cérebro aprende através da exposição aos estímulos de maneira repetitiva e intensiva, e com motivação.
Quanto mais motivada a criança, maiores as possibilidades de novos aprendizados!