A cada dia recebemos crianças mais novas com suspeita de autismo. As informações disponíveis nas mídias sociais possibilitam que os pais detectem sinais precoces cada vez mais cedo, e isso tem permitido que as crianças tenham acesso a um tratamento quando ainda são bebês. Nesse post, abordamos sinais sutis, porém já presentes antes dos 12 meses de vida.
Atrasos na aquisição da fala costumam ser um dos primeiros sinais de alerta para os pais de que algo no desenvolvimento de seus filhos não está ocorrendo como o esperado. Porém, quando falamos em sinais precoces do Transtorno do Espectro Autista (TEA), podemos (e devemos!) estar atentos à comunicação como um todo (e não somente à fala), e, inclusive, a sinais que antecedem a etapa de aquisição da fala.
Há sinais de alerta importantes que podem ser observados já nos primeiros meses de vida.
Sinais de alerta para o TEA
– Prejuízos no contato visual que pode ser observados já nos primeiros meses, como quando a mãe está amamentando e o bebê não olha em seus olhos;
– 2 a 4 meses: ausência do sorriso social;
– 4 meses: ausência de reação antecipatória (levantar os braços para ser carregado);
– 6 meses: poucas expressões faciais, não fazer o primeiro balbucio, não responder ao ser chamado pelo nome ou demonstrar interesse por pessoas familiares;
– 9 meses: não fazer trocas de turno comunicativas, não balbuciar, apresentar imitação pobre, não olhar para onde apontam ou, quando chamado pelo nome, não responder às tentativas de interação;
– 12 meses: não falar ao menos duas palavras com função, ausência de atenção compartilhada, não brincar de modo funcional, não seguir comandos; déficits nos comportamentos não verbais (como não dar tchau, apontar ou mandar beijos);
– 18 meses: não falar pelo menos seis palavras com função, não saber partes do corpo, não responder em reciprocidade;
– 2 anos: não elaborar frases simples de duas palavras e não apresentar repertório vocal de aproximadamente 150 palavras, não brincar de modo simbólico (faz de conta).
Em qualquer idade, perder habilidades já adquiridas, apresentar comportamentos rígidos, restritos e repetitivos são sinais de alerta.
Apesar de esses serem sinais de alerta importantes, nem sempre o diagnóstico se dá precocemente. Temos inúmeros cenários e momentos de vida: casos de diagnósticos mais tardios; famílias que são “pegas de surpresa”, que não tinham praticamente nenhum conhecimento sobre o TEA; outras que já tinham essa desconfiança, que pesquisavam ou conheciam essa condição… Há ainda casos de subdiagnósticos, de diagnósticos errôneos, de famílias que enxergavam sinais em suas crianças mas demoraram a encontrar um profissional que pudesse fechar o diagnóstico, entre outras inúmeras possibilidades.
Vale ressaltar ainda os maiores desafios relacionados ao diagnóstico em meninas que se encontram no espectro nível 1 de suporte. Isso porque há particularidades no funcionamento cerebral feminino e comportamentos que impactam na apresentação da sintomatologia do TEA. O cérebro feminino é naturalmente mais sociável, flexível, com maior capacidade de imitação, empatia e para habilidades sociais esperadas nos relacionamentos interpessoais, o que faz com que alguns sinais mais sutis fiquem mais mascarados entre meninas, adolescentes e mulheres, atrasando muitas vezes o diagnóstico e/ou levando a subdiagnósticos.
Tudo isso reforça a importância de maior conscientização a respeito dos sinais de alerta para o TEA e de profissionais capacitados para esse que esse diagnóstico seja realizado o mais precocemente possível, possibilitando assim intervenções também mais precoces, que são fatores preditivos para uma evolução mais favorável.
@dradeborahkerches @ellenmanfrim_neuropediatra