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Autismo na Adolescência

14/06/2019

A adolescência é uma fase de transição importante, que envolve aspectos físicos, hormonais, mentais e sociais. Isso acontece com todos adolescentes, com autismo ou não.

A maneira como os adolescentes com autismo irão vivenciar esta fase dependerá de questões individuais como cognição, severidade do autismo, autonomia, apoio dos pais, terapeutas e habilidades sociais já desenvolvidas.
Na adolescência as terapias continuam sendo essenciais, mas as estratégias terapêuticas necessitam ser adaptadas porque mudam-se os focos, interesses e necessidades.

Adolescentes com autismo e funcionais, nesta fase especialmente, costumam ter maior compreensão sobre si e suas dificuldades. Contrariando o que muitos acreditam, eles desejam interagir mas por vezes não sabem como, o que pode trazer sofrimento psíquico. Adolescentes com autismo mais severo, apresentam maior dificuldade de comunicação e compreensão das mudanças que estão ocorrendo em si e regras sociais desta fase, podendo evoluir com comportamentos mais inadequados e maior risco de uma ou mais comorbidades psiquiátricas.

É uma fase em os pais precisam estar bastante atentos a alterações comportamentais, de humor, higiene pessoal, alterações do hábito do sono e alimentares devido ao risco de desenvolvimento de comorbidades como depressão, transtornos de ansiedade, fobias, transtorno obsessivo-compulsivo entre outros.
Treinos de habilidades sociais dirigidos e terapia comportamental costumam trazer grandes benefícios nesta fase.

Os pais podem e devem contribuir com recursos que ajudem estes adolescentes na interação e socialização, e a escola passa ser um dos pilares mais importantes porque é lá que este adolescente vai sentir maior necessidade de aceitação e de superar suas inabilidades. Quando a escola está presente e atuante, será um agente facilitador desse processo na identificação das dificuldades e como apoio para seu desenvolvimento.

Se sentir amado e apoiado, trará ferramentas para que se torne um adulto mais confiante com relação às suas capacidades e também seguro em relação à possíveis inabilidades que podem ser trabalhadas ao longo da vida.

Dra. Deborah Kerches

Dra. Deborah Kerches
Neuropediatria e Saúde Mental Infantojuvenil
Especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA)

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