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Carnaval, crianças e TEA

16/02/2023

Para algumas famílias, carnaval é tempo de curtir juntos a amigos e família, ou ainda, de viajar. 🎊🏖️

Porém, aquelas que têm filhos pequenos ou adolescentes precisam de cuidado redobrado nessa época do ano em que mais gente sai às ruas. Isso vale tanto para quem vai ficar na própria cidade como para quem vai viajar.

Abaixo, você confere algumas dicas que se aplicam a todas às famílias, mas são especialmente importantes para aquelas que têm uma criança ou um adolescente com Transtorno do Espectro Autista (TEA). 🧩

Com amor,
@dradeborahkerches @psico_marcellabarbosa

Dica 1

Em lugares de grande movimento, como blocos, clubes ou shows, andem sempre segurando as mãos dos pequenos.

Se houver mais de uma criança, é recomendável que elas estejam com mais de um adulto.

Colocar uma pulseira nas crianças com identificação e contatos dos responsáveis pode ser uma boa estratégia em locais aglomerados, especialmente no caso da criança ou adolescente com TEA…Vale lembrar que, caso se percam, possivelmente não saberão passar informações que os ajudem a encontrar seus responsáveis.

Dica 2

Atentem-se e evitem a exposição da criança ao sol em horários mais críticos (das 10h às 16h). É essencial aplicar e reaplicar, sempre que necessário, o protetor solar.

Dica 3

Lembrem-se que as crianças “não aguentam a folia” da mesma forma que um adulto.

As crianças de até 2 anos, por exemplo, não têm tanta disposição… É necessário bom senso e atenção quanto ao nível de cansaço e estresse das mesmas.

O mesmo vale para as maiorzinhas que, embora “aguentem um pouco mais”, também precisarão descansar em determinado momento.

Dica 4

Atentem-se à alimentação das crianças, independentemente de onde estejam curtindo o carnaval. Se forem a lugares onde não há um bom espaço para comer, levem tudo de casa (vale frutas, castanhas, lanches naturais, sucos etc.).
Se a criança tiver alguma seletividade alimentar, lembrem-se de terem sempre às mãos alimentos que são bem aceitos por ela.

E não se esqueçam de oferecer muita água para os pequenos!

Dica 5

Nunca deixem os pequenos brincando sozinhos, uma criança não vigia a outra. Isso vale para a praia, piscina, parques e qualquer ambiente.

Orientem diariamente a não falarem com estranhos. Mas expliquem que, caso se sintam perdidos ou assustados, devem buscar ajuda com policiais, salva-vidas, por exemplo, mostrando como eles se vestem.

É prudente ter um local de referência para possíveis desencontros; e se estiverem na praia, em hotéis, parques, por exemplo, mostrem referências de onde a família está instalada (um quiosque, um prédio diferenciado, uma placa).

Dica 6

Lembrem-se que a criança/o adolescente com TEA pode apresentar dificuldade em lidar com barulho e com muitas informações visuais e sensoriais.
Tenham bom-senso e não hesitem em dizer “não” para os convites que não forem confortáveis.

Os passeios são bem-vindos, mas devem ser moderados (tanto no que diz respeito ao tipo de passeio, como ao tempo de permanência no local).

A questão não é deixar de fazer algo, de se divertir, mas, sim, planejar tudo dentro da realidade da família, tomando as medidas necessárias e preparando a criança para o que a espera. Por exemplo, se for viajar, lembrem-se de levar tudo que oferece conforto a ela, como brinquedos favoritos etc.

Dica 7

Se a criança for usar fantasia, atentem-se aos produtos comprados para evitar que engulam pequenos objetos, como miçangas e adornos pequenos.

Não deixem as crianças usarem e fiquem longe da espuma de spray. Em contato com a pele, pode causar reações alérgicas e urticárias, além de irritações nos olhos.

Especialmente no caso da criança com TEA, nunca a “forcem” a utilizar alguma fantasia ou acessório que ela não queira, lembrando que algumas texturas, cores, entre outros aspectos sensoriais podem ser potencialmente incômodos para quem está no espectro. Respeito e bom senso são palavras-chaves!

Dica 8

O carnaval tem tudo para ser um feriado agradável, com bons momentos de diversão entre crianças e adultos. Mas, se determinados cuidados não forem tomados, a ocasião pode se tornar extremamente desagradável.

Dra. Deborah Kerches

Dra. Deborah Kerches
Neuropediatria e Saúde Mental Infantojuvenil
Especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA)

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