A ecolalia caracteriza-se pela reprodução repetitiva de palavras, sílabas ou frases- a criança fica repetindo aquilo que ela ou o interlocutor acabou de falar (ecolalia imediata), pode ainda reproduzir falas de desenhos ou filmes após um tempo mais significativo (ecolalia tardia). A ecolalia faz parte do desenvolvimento da linguagem em crianças menores, porém, espera-se que seja usada com função de comunicação, em um contexto e que o repertório aumente à medida que a criança cresça (por volta dos 2 anos, ela já deve começar a usar formas mais complexas e espontâneas de comunicação, usando menos a repetição). Quando a ecolalia é persistente, fora de contexto, sem função comunicativa, pode ser um dos sinais precoces de autismo (principalmente a ecolalia tardia). Ao ficar repetindo mecanicamente palavras/frases, a criança deixa de se comunicar apropriadamente, não dá continuidade aos diálogos, não oferece reciprocidade, o que acaba por afastá-la dos diferentes contextos sociais. Algumas crianças utilizam a ecolalia como forma de autorregulação e ela pode ser o único recurso de comunicação que desenvolveram.
Quando a criança com autismo faz ecolalias não há compreensão de sua função comunicativa pelo cérebro, por isso, é necessária intervenção objetivando dar função e aumentar o repertório e a comunicação social. O tratamento deve ser individualizado e multidisciplinar; a atuação dos pais e educadores junto à criança também é essencial.
As orientações são no sentido de não reforçar o que a criança repete; dar sempre que possível função à palavra ou frase repetida (ex.: se a criança fala “água”, oferecer água; se estiver brincando de carrinho e repetindo frases da Peppa Pig, você fala “Peppa Pig” e pega uma Peppa ou mostra em uma tela); narrar a brincadeira (associando palavras ao contexto); usar situações cotidianas e atividades lúdicas para apresentar palavras novas (a fim de aumentar o vocabulário), entre outras. A ecolalia é sinal de alerta, podendo em alguns casos direcionar para um diagnóstico mais precoce de autismo.
Vale destacar que a ecolalia pode persistir ao longo da vida, especialmente quando não há intervenção.