Em torno de 30-38,2% das pessoas com autismo podem apresentar Epilepsia clínica ou subclínica (quando há padrão eletroencefalográfico compatível com epilepsia, porém sem crises clínicas observáveis). A prevalência é mais alta em estudos que incluíram adolescentes e adultos jovens, indivíduos com deficiência intelectual moderada/grave, déficits de linguagem receptiva graves e déficits motores importantes. São 2 os picos na infância e adolescência relacionados à maior incidência de epilepsia, <5 anos e >10 anos (na pré e adolescência).
Epilepsia são descargas elétricas anormais e excessivas no cérebro que são recorrentes e geram crises epilépticas, podendo ser focais (ocorrem em uma ou mais áreas restritas do cérebro) com ou sem alteração de consciência ou generalizadas (generalizam por todo o cérebro). As crises podem ocorrer com abalos motores ou não, podem ser sutis e difíceis de perceber em alguns casos. Cerca de 70% das epilepsias cursam com bom controle com medicações adequadas, porém em até 30%, não.
Crianças e adolescentes com autismo e epilepsia podem apresentar maiores prejuízos relacionados ao sono, desenvolvimento da fala, da comunicação/interação social, em relação à rigidez cognitiva e padrões comportamentais, aprendizagem, podendo estar associado a alguma regressão quando as crises epilépticas são muito frequentes e difíceis de controlar e impactar negativamente na qualidade de vida.
Dessa forma, é importante se informar, pois nem sempre é fácil o diagnóstico. Crises de ausência, por ex, são mais comuns na infância e os pais costumam se alertar mais quando cai o rendimento escolar ou nas terapias. Pode ser difícil para alguns discernir entre um evento epiléptico rápido e uma estereotipia.
Há consenso a respeito do tratamento da epilepsia clínica com antiepilépticos, porém não há recomendação de tratamento baseado em evidências para indivíduos com TEA e epilepsia subclínica; nestes casos a avaliação é caso a caso.
O controle das crises em pacientes com ambas condições é fundamental para estabilizar e melhorar o funcionamento cerebral e os sintomas do autismo.