Desde muito cedo, somos capazes de imitar expressões faciais, gestos, sons, entonação, ações, etc. Bebês e crianças são naturalmente observadores e, assim, aprendem a imitar e adquirem os mais diversos aprendizados.
A habilidade de imitar é um dos pré-requisitos para a aquisição da fala.
A criança começa imitando movimentos orofaciais, sons, vocalizações e, após, palavras e frases, inicialmente por imitação, para, então, dar sentido e tornar a fala funcional e contextualizada. Os jogos vocais (ensaios, brincadeiras com diversos sons) experienciados já pelos bebês são essenciais enquanto treinos de imitação para o desenvolvimento da fala, mas, também, como treino de intenção e iniciativa comunicativa, pois são jogos de prazer. Se as imitações são apenas aproximadas à palavra falada, é possível ir aprimorando e aumentando, gradualmente, a exigência para imitações mais refinadas, sempre reforçando os esforços.
Importante lembrar que se a criança não faz imitações motoras, muito provavelmente terá dificuldade para fazer imitações vocais e que, para imitar, habilidades como contato visual especialmente sob controle instrucional e atenção compartilhada são fundamentais. Antes disso, é preciso considerar ainda que, para ser capaz de fazer imitações motoras, a criança precisa ter boa capacidade motora.
No Transtorno do Espectro Autista, déficits no contato visual, na atenção compartilhada, na comunicação e interesse social, com consequente prejuízos na habilidade de imitação, entre outros pontos, costumam prejudicar o desenvolvimento da linguagem e aquisição da fala. A fala precisa fazer sentido para a criança no espectro.
Todo esse processo, que envolve desde a ampliação do contato visual até o desenvolvimento da fala propriamente dito, exige paciência, dedicação e estratégias especializadas que deverão estar contempladas nos programas de ensino do TEA.