Início de um novo ano e o mês de janeiro sendo, mais uma vez, oportunidade para discussões a respeito da Saúde Mental, através da campanha Janeiro Branco, que é realizada no primeiro mês do ano não por acaso, mas, levando em conta que, nessa época, a maioria das pessoas tende a repensar sua existência, suas relações e seus projetos – o que pode, muitas vezes, gerar ansiedade, assim como frustrações, a partir do momento que algumas se dão conta de que não conseguiram cumprir o que tinham planejado no ano anterior. Esse ano em especial traz o “peso” de estarmos em meio a uma pandemia arrastada e que muito mexeu e ainda está mexendo com a saúde mental das pessoas, de diferentes maneiras.
Agora em 2021, com o tema “Todo cuidado conta”, a campanha faz um convite para que todos se mobilizem – de forma individual e coletiva— a fim de garantir condições públicas e privadas adequadas para que todo ser humano tenha acesso àquilo que protege e fortalece sua saúde mental.
Falar sobre saúde mental é essencial em todas as faixas etárias e nos mais variados contextos. E toda e qualquer pessoa pode ser “agente de Saúde Mental” na vida do outro, por isso, neste ano, a campanha traz essa grande desafio de pensarmos: o que estou fazendo pela minha própria saúde mental? Como posso contribuir para a saúde mental das pessoas com as quais me relaciono? E o que posso fazer em relação às pessoas com as quais ainda não me relaciono, mas que, reconheço, precisam dessa atenção à saúde mental?
Na prática, ações realizadas em casa, no ambiente de trabalho ou de estudo, na igreja, no condomínio e demais locais de convivência, assim como atuações na luta por políticas públicas voltadas para a Saúde Mental de toda a sociedade, podem contribuir com este movimento.
Janeiro Branco: um olhar atento ao Transtorno do Espectro Autista nível 1
O Janeiro Branco é oportunidade também para refletirmos sobre a saúde mental de crianças, adolescentes e adultos no espectro autista. Já se sabe que condições de saúde mental concomitantes são mais prevalentes na população com Transtorno do Espectro Autista (TEA) do que na população em geral, tais como transtornos ansiosos, depressão, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), entre outras.
Isso pede um olhar muito atento, especialmente para os adolescentes e jovens que estão no espectro do autismo nível 1 (leve), já que estes possuem maior consciência sobre suas dificuldades diante da vida em sociedade e, muitas vezes, sentem uma forte cobrança para que ajam de maneira considerada “normal”.
O desejo de pertencer a determinado grupo social, os desafios em se relacionar com os pares e em entender os próprios comportamentos e sentimentos, são apenas alguns dos fatores que podem gerar sofrimento nesses adolescentes com TEA mais funcionais, assim como a possibilidade de bullying e/ou de exclusão nos ambientes de convívio.
A família, pessoas do convívio, assim como profissionais da saúde e da educação, devem estar atentos à saúde mental desse público, de olho em mudanças comportamentais que podem alertar, por exemplo, para quadros de depressão, como: maior isolamento; higiene pessoal precária; uso de roupas que cubram braços e pernas em qualquer situação (o que pode alertar para automutilação ou autoflagelação); perda de prazer em atividades antes prazerosas; recusa em ir à escola; queda de rendimento escolar; alterações de apetite (inapetência ou compulsão alimentar); distúrbios de sono etc.
Porém, mais importante do que estar atento aos sinais, é pensar em agir precocemente, exatamente como prevê a campanha Janeiro Branco deste ano. Que tenhamos cada vez mais famílias conscientes e comprometidas com a boa saúde mental de seus filhos, além de políticas públicas eficientes e de profissionais da saúde e educadores que trabalhem com um olhar humanizado, lembrando sempre que uma avaliação cuidadosa da saúde mental é um componente essencial nos cuidados com a pessoa com TEA.