A gagueira é um distúrbio neurobiológico da fluência da fala, no qual há uma dificuldade do cérebro em sinalizar o término de um som ou sílaba e passar para o som seguinte.
A gagueira não é um hábito adquirido, tampouco um comportamento voluntário. A criança não gagueja para chamar a atenção.
Quais são as causas da gagueira?
A gagueira pode ter causa neurológica, quando secundária a uma lesão ou disfunção cerebral. Parece haver também, em alguns casos, uma interação genética, ou se apresentar como sendo do desenvolvimento.
Acredita-se que as estruturas cerebrais envolvidas com a gagueira sejam os núcleos da base, os quais estão envolvidos com a automatização de tarefas (dirigir, calcular, escrever, falar, etc.). Portanto, a dificuldade central na gagueira estaria em uma automatização deficiente dos movimentos de fala.
Geralmente a dificuldade do cérebro em gerar comandos para terminar um som ou sílaba no tempo previsto manifesta-se externamente como bloqueios, prolongamentos e/ou repetições de sons ou sílabas. Entretanto, também é possível que as manifestações externas não ocorram ou ocorram muito pouco, caracterizando o que é conhecido como gagueira encoberta.
Crianças até os 5 anos podem apresentar disfluência como um processo natural na aquisição e desenvolvimento da linguagem, porém, sempre é necessário avaliação e acompanhamento fonoaudiológico. Quando a gagueira persiste ou surge depois dessa idade, merece maior atenção, pois a falta de tratamento pode levar à cronificação do quadro, com consequentes prejuízos sociais, queda de rendimento escolar e comprometimentos na saúde mental das crianças e adolescentes.
Quais são as principais características da gagueira?
– prolongamento de sons;
– pausas e/ou repetição de sons e sílabas;
– dificuldade em iniciar determinada palavra, frase ou expressão;
– tensão para emitir uma palavra ou som, entre outras.
Podem ainda ocorrer, associados à dificuldade com a produção dos sons, alguns movimentos involuntários, como tremores de lábios e mandíbula e/ou piscar de olhos durante a fala.
Como se dá o acompanhamento?
O tratamento prevê intervenção fonoaudiológica, com exercícios específicos para as pregas vocais, articulação dos sons e técnicas para desenvolver as características da voz, com o intuito de atenuar os sintomas e promover uma melhor comunicação para a criança.
O envolvimento da família e da escola no tratamento é essencial, pois contribui para resultados mais satisfatórios e para uma inclusão (escolar e social) efetiva.