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O que é gagueira?

22/10/2020

A gagueira é um distúrbio neurobiológico da fluência da fala, no qual há uma dificuldade do cérebro em sinalizar o término de um som ou sílaba e passar para o som seguinte.

A gagueira não é um hábito adquirido, tampouco um comportamento voluntário. A criança não gagueja para chamar a atenção.

Quais são as causas da gagueira?

A gagueira pode ter causa neurológica, quando secundária a uma lesão ou disfunção cerebral. Parece haver também, em alguns casos, uma interação genética, ou se apresentar como sendo do desenvolvimento.

Acredita-se que as estruturas cerebrais envolvidas com a gagueira sejam os núcleos da base, os quais estão envolvidos com a automatização de tarefas (dirigir, calcular, escrever, falar, etc.). Portanto, a dificuldade central na gagueira estaria em uma automatização deficiente dos movimentos de fala.

Geralmente a dificuldade do cérebro em gerar comandos para terminar um som ou sílaba no tempo previsto manifesta-se externamente como bloqueios, prolongamentos e/ou repetições de sons ou sílabas. Entretanto, também é possível que as manifestações externas não ocorram ou ocorram muito pouco, caracterizando o que é conhecido como gagueira encoberta.

Crianças até os 5 anos podem apresentar disfluência como um processo natural na aquisição e desenvolvimento da linguagem, porém, sempre é necessário avaliação e acompanhamento fonoaudiológico. Quando a gagueira persiste ou surge depois dessa idade, merece maior atenção, pois a falta de tratamento pode levar à cronificação do quadro, com consequentes prejuízos sociais, queda de rendimento escolar e comprometimentos na saúde mental das crianças e adolescentes.

Quais são as principais características da gagueira?   

– prolongamento de sons;

– pausas e/ou repetição de sons e sílabas;

– dificuldade em iniciar determinada palavra, frase ou expressão;

– tensão para emitir uma palavra ou som, entre outras.

Podem ainda ocorrer, associados à dificuldade com a produção dos sons, alguns movimentos involuntários, como tremores de lábios e mandíbula e/ou piscar de olhos durante a fala.

Como se dá o acompanhamento?

O tratamento prevê intervenção fonoaudiológica, com exercícios específicos para as pregas vocais, articulação dos sons e técnicas para desenvolver as características da voz, com o intuito de atenuar os sintomas e promover uma melhor comunicação para a criança.

O envolvimento da família e da escola no tratamento é essencial, pois contribui para resultados mais satisfatórios e para uma inclusão (escolar e social) efetiva.

Dra. Deborah Kerches

Dra. Deborah Kerches
Neuropediatria e Saúde Mental Infantojuvenil
Especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA)

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