Poda neural (ou neuronal) é um tema que constantemente está em pauta nas discussões acerca do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Importante ressaltar que trata-se de um processo fisiológico que ocorre em todos os indivíduos, porém, que tem suas particularidades no cérebro autista, trazendo impactos que por vezes geram preocupação, anseios entre os pais/cuidadores.
Poda neural (ou neuronal) pode ser resumida como um processo de “limpeza” que o cérebro faz “descartando” neurônios e conexões que não estão sendo utilizados, ao mesmo tempo em que permite o fortalecimento de conexões mais utilizadas por ele.
É um processo fisiológico, geneticamente programado, que ocorre no cérebro de todo e qualquer indivíduo.
Porém, também de maneira já geneticamente programada, ocorre e impacta de forma bastante particular aqueles que estão no espectro do autismo.
A poda neuronal ocorre durante toda a vida, porém, se dando de forma muito mais intensa e importante em duas fases: por volta de 1 ano até 3 anos e, posteriormente, na adolescência.
A poda neural da infância, no Transtorno do Espectro Autista (TEA), ocorre de forma ineficiente/irregular, podendo:
– gerar um excesso de conexões, o que acarreta um cérebro mais desorganizado, hiperexcitado;
– e até mesmo eliminar conexões não fortalecidas, que podem levar a perdas de habilidades já adquiridas.
Essa poda neural ineficiente/irregular, portanto, impacta a maneira como devemos planejar as intervenções em crianças com TEA, e evidencia a importância de utilizarmos a infância para fortalecermos e criarmos novas conexões para os aprendizados que almejamos.
Uma aprendizagem mais eficiente no TEA ocorre com muita repetição, motivação e afeto, levando em conta que estamos diante de um cérebro mais imaturo, hiperexcitado, com uma programação genética com “falhas” que contribuem para conexões mais fragilizadas.
E por que uma criança pode perder habilidades já adquiridas?
Alguns aprendizados podem não ter sido consequentes a uma conexão “mais forte”.
Dessa forma, o cérebro autista, durante essa “limpeza”, acaba “descartando” tal conexão.
O chamado Autismo Regressivo, que ocorre em aproximadamente 1/3 dos casos do espectro do autismo, parece ter relação íntima com a poda neural da infância.
É caracterizado por crianças que apresentam desenvolvimento motor, da linguagem, cognitivo, social e emocional aparentemente típicos ou muito próximo ao desenvolvimento típico, mas, por volta de 15 a 30/36 meses, começam a perder habilidades anteriormente adquiridas.