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Shutdown e Autismo

27/12/2019

Shutdown é um termo por vezes utilizado para nomear um comportamento reacional a uma sobrecarga emocional e sensorial, a situações estressantes e/ou de ansiedade extrema. Pode acontecer com qualquer indivíduo e em qualquer idade, porém, em pessoas com autismo pode ocorrer mais facilmente devido a alterações sensoriais, comportamentos mais inflexíveis e dificuldades de comunicação (o que as deixam mais vulneráveis para que se desorganizem).

O termo vem da informática e refere-se a um comando capaz de “desligar o sistema”. No shutdown, a pessoa parece estar parcialmente ou completamente desligada/distanciada do momento, não respondendo a qualquer forma de comunicação, com o “olhar vazio”, respiração atípica (mais rápida ou lenta). Pode retirar-se do espaço (indo para seu quarto, por exemplo), deitar-se no chão; pode ainda perder a capacidade de se retirar da situação “limite” em que se encontra, mostrando-se paralisada, entre outras ações.

Nas crianças com autismo, os shutdowns não devem ser confundidos com birras ou encarados como enfrentamento; tratam-se de comportamentos involuntários reacionais e nunca serão utilizados como “tática para se conseguir algo” ou “não fazer algo que não querem”.

No shutdown, diferentemente do meltdown, as emoções ficam internalizadas. As motivações e o “limite” para o shutdown ou meltdown parecem ser os mesmos, o que muda é a forma de expressão comportamental, porém ambas mostram que há uma situação de sofrimento que precisa ser olhada com maior cuidado.
Normalmente nos preocupamos mais com comportamentos externalizantes, então fica o alerta para comportamentos internalizados em pessoas com autismo. Eles também necessitam de avaliação para identificarmos fatores desencadeantes e intervirmos a fim de evitar sofrimento e prejuízos no desenvolvimento dessas pessoas.

Uma vez identificados os fatores desencadeantes, podemos trabalhar em terapias pois nem tudo poderá sempre ser evitado. Questões que desregulam a pessoa com autismo deverão então ser trabalhadas e o apoio dos pais, familiares, amigos, da escola e da equipe multiprofissional é fundamental para o manejo comportamental.

Dra. Deborah Kerches

Dra. Deborah Kerches
Neuropediatria e Saúde Mental Infantojuvenil
Especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA)

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