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Síndrome de Down e Pandemia

21/03/2021

Em meio a pandemia, é importante falar sobre deficiência e maior risco de contrair COVID19. Hoje falarei sobre a Síndrome de Down (T21).

Deve ser levado em consideração que pessoas com T21 podem apresentar maior vulnerabilidade e/ou possível desfecho mais grave no caso de comorbidades dessa condição, como cardiopatias, doenças pulmonares, alterações imunológicas relevantes, obesidade, diabetes.

Alterações anatômicas características da T21, como vias aéreas mais estreitas e hipotonia (menor tônus muscular, inclusive dos músculos auxiliares da respiração) podem potencializar riscos respiratórios.

Outras particularidades da T21 podem, de alguma maneira, contribuir para um risco aumentado:
✅ Dificuldade para compreender a gravidade da situação;
✅ Dificuldade para entender a importância do distanciamento social e de medidas de prevenção;
✅ Possível intolerância ao uso de máscaras (por características anatômicas, como orelhas pequenas e mais baixas, que podem tornar mais difícil manter a máscara bem ajustada/confortável; questões sensoriais e/ou rigidez mental);
✅ Dificuldades na compreensão e descrição de sintomas/de quando estão ou não doentes, podendo atrasar o diagnóstico e medidas de cuidado precoces para o coronavírus, entre outros.

Além do risco de contrair a COVID19, dificuldades de autorregulação, em nomear seus sentimentos, em saber como ajustar seu comportamento, podem deixá-los mais vulneráveis à ansiedade, ao medo e desencadear comportamentos inapropriados.

É essencial que os responsáveis estejam atentos ao histórico médico (a saber possíveis riscos), bem como tentem promover um ambiente acolhedor e de responsabilidade. Para isso, recomenda-se: evitar a exposição a notícias ruins; utilizar linguagem acessível para falar sobre o momento atual quando necessário; incentivar de forma divertida e dar o exemplo sobre medidas de prevenção; manter boa qualidade de sono; promover alimentação saudável e equilibrada; manter consultas/terapias (essenciais) em dia; oportunizar bons momentos de brincadeiras e interação para que sintam-se confiantes, seguros e amados!

Dra. Deborah Kerches

Dra. Deborah Kerches
Neuropediatria e Saúde Mental Infantojuvenil
Especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA)

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