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TDAH X Bullying

16/01/2020

Bullying é a prática de atos agressivos verbais, físicos e/ou psicológicos; intencionais e repetitivos com características de perseguição contra uma vítima. A vítima fica exposta, intimidada e se sentindo humilhada. O autor ou autores de bullying geralmente são crianças ou adolescentes que sofrem agressões em casa e/ou na escola, que podem ter algum transtorno psiquiátrico, e tentam transferir seus traumas e dificuldades por meio de agressividade contra outro.

Crianças e adolescentes com TDAH apresentam comportamento inquieto, impulsivo e imaturo; têm dificuldades na autorregulação das suas emoções, procuram recompensa imediata, gerando prejuízos importantes de relacionamento social. Esse quadro os tornam mais vulneráveis ao bullying, quer seja como autores ou vítimas, principalmente em ambientes escolares. O tratamento do TDAH impacta diretamente na autoestima e no manejo dos relacionamentos sociais, diminuindo o risco de bullying.

Não somente pais, mas especialmente os professores precisam estar muito atentos ao comportamento de seus alunos, pois o bullying nem sempre acontece em sala de aula ou no intervalo; pode ocorrer na saída ou entrada, por exemplo.

Um aluno vítima de bullying irá mudar seu comportamento, ficando mais isolado, com maior número de falta e, muitas vezes, queda de rendimento escolar. Frente a um aluno com TDAH, poderíamos pensar ser parte do quadro clínico essa mudança de comportamento e não nos alertarmos para algum sofrimento consequente de atos de bullying.

Da mesma forma, devemos estar atentos a casos em que são os autores e tomar as providências cabíveis. Em muitos casos, estão sem intervenções adequadas, abandonaram tratamento farmacológico e/ou psicoterapêutico ou estão vivenciando experiências negativas, com as quais não possuem recursos cognitivos e emocionais para lidar.

O bullying traz prejuízos emocionais, sociais e acadêmicos marcantes; estas crianças/adolescentes podem desenvolver comorbidades como transtornos de ansiedade, depressão, fobia escolar, pânico, entre outros.

O tratamento envolve o tratamento do quadro de base, terapia cognitivo comportamental, medicação s/n, medidas psicoeducativas, apoio familiar e escolar.

Dra. Deborah Kerches

Dra. Deborah Kerches
Neuropediatria e Saúde Mental Infantojuvenil
Especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA)

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