A hiperlexia é definida especialmente pela capacidade de leitura precoce de uma criança, geralmente associada a fascínio por letras e números. Algumas, começam a identificar letras e números por volta dos 18 meses a 2 anos e entre 2-3 anos começam a ler palavras de forma espontânea. Essas características naturalmente surpreendem pais e educadores, mas merecem um olhar atento pois podem, em alguns casos, estar mascarando dificuldades no desenvolvimento da criança.
A hiperlexia pode coexistir com o autismo. Nesses casos, a criança pode apresentar habilidade de leitura precoce, mas com prejuízos na compreensão da linguagem e nas interações sociais. Ela pode, por exemplo, ler um livro inteiro mas não compreender o que leu; não saber responder a questões simples como “qual o seu nome”; ter dificuldades na pega do lápis ou giz de cera para escrever (o que pode ser explicado pela dificuldade com a coordenação motora fina que a escrita exige).
Como a capacidade de leitura precoce se sobressai, tais dificuldades podem passar despercebidas, nestes casos, uma intervenção multidisciplinar pode se fazer necessária, com um trabalho voltado ao desenvolvimento da linguagem e da comunicação social dessa criança.
Como a criança com TEA e hiperlexia costuma ser um bom aprendiz visual, estímulos visuais e a própria leitura podem ajudar muito no desenvolvimento.
A hiperlexia nem sempre está associada ao autismo. Há crianças bem pequenas que aprendem a ler precocemente e não têm nenhuma alteração em outra área do desenvolvimento. Tal característica pode estar associada, por exemplo, a altas habilidades/superdotação.
A habilidade de leitura precoce costuma ser observada por educadores e/ou pais, que não devem hesitar em procurar um especialista, a fim de avaliar se esta habilidade está ou não associada à outra condição do neurodesenvolvimento. Após avaliação, a criança receberá o estímulo mais adequado às suas necessidades.