Ao contrário do que alguns pensam, as pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm sentimentos, desejam expressar tais sentimentos, se relacionar, mas, muitas vezes, podem não saber como. Essa, porém, não é uma regra: na prática clínica, observa-se que MUITOS autistas, apesar das suas particularidades, são extremamente amorosos; podem até não conseguir nomear, mas conseguem demonstrar seus sentimentos de maneiras que nos surpreendem e encantam diariamente!
Alguns têm, sim, grandes dificuldades em identificar, gerenciar e expressar suas emoções, mas isso não significa, de forma alguma, que não sintam. No TEA, a forma de comunicar tais sentimentos é que costuma ser diferente devido às próprias particularidades da condição, que podem incluir déficits na comunicação, no intercâmbio comunicativo, no contato visual, na imitação, na habilidade da “Teoria da Mente”, no repertório de habilidades sociais necessários para ajustar seus comportamentos aos mais diversos contextos, além de rigidez cognitiva, interesses restritos, entre outros.
Esses e outros fatores fazem com que detectar e entender as suas próprias emoções e as do outro seja algo mais complexo para a pessoa com TEA, porém, de suma importância para o seu desenvolvimento, já que é fator determinante para que essa pessoa regule sua forma de agir, reaja perante os acontecimentos, tome decisões e se comunique de maneira não verbal.
Frente aos desafios que a própria condição impõe, torna-se essencial trabalhar a inteligência emocional junto à criança com TEA.
Inteligência emocional é, resumidamente, a capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, podendo, assim, gerir bem nossas emoções, relacionamentos e ajustar nossos comportamentos. Especialmente no contexto do TEA, possibilita maior autoconsciência, melhor percepção a respeito do outro e mais efetividade e tranquilidade nas relações interpessoais.